Busco alguém que me busque. Busco alguém que me inspire e que expire Clarice, busco alguém que sopre e solte a fumaça que vive em mim, busco alguém que me ouça, me leia e me veja da mesma forma que decifra a si mesmo.
Busco alguém que seja nu, que se livre das máscaras, da mesma forma que eu desisti de me vestir de outro alguém.
Busco um ser livre, sem medo, com muito receio e cheio de expectativas sobre as zero expectativas que devemos ter. Busco alguém que me satisfaça com nada, que me preencha com coisas vagas, com histórias passadas com o nada que podemos ter.
Busco alguém que me cative pelo pouco, por pedaços poucos, por sentimentos loucos, por vazios que demonstram pouco, por delírios toscos, por vontades pequenas.
Busco alguém que seja assim tão eu, que se cative e desista de si na mesma noite, que me ame e me rejeite na mesma semana, que me invada e me desperdice no mesmo mês.
Busco alguém que se queira tanto, que se preze tanto que não possa se compartir. Busco um ser que não corrompa sua liberdade, que não delibere sua insanidade, que não perdoe minha insensatez.
Busco alguém difícil de preservar, fácil de consumir.
Busco um ser fácil de se apaixonar, difícil de possuir.
Busco um ser que eu não possua, deixando claro que jamais poderá possuir a mim. Busco a alma igual, gêmea, semelhante. Somos assim, meu caro.
Te amo e me amas. Nos amamos de longe, da forma mais pura.
Devora-me, mas não decifra-me e eu prometo ter-te inteiro mas jamais possuir-te todo.
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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".