8.2.10

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Alem do limite do que não fui, com o que acabo de ser, acabo me tornando algo assim nulo, neutro, raso, subdesenvolvido.
Algo simples sem ar metódico, sem ar naturalista, sem afago brando de lua cheia e onda cristalina.
Acabo me tornado o que ontem não seria, acabo me tornando o que em breve detestaria, acabo me tornando o esquecimento do que apenas preciso esquecer para me lembrar quem sou.
Sou frágil demais para reconhecer-me em meus sonhos e martírios, sou fêmea demais para seguir meus discursos de boêmio em mesa de bar.
Acabo me tornando aquilo mesmo, aquilo que eu mesma não queria, aquilo que eu mesma repudio, aquilo que não faz sentido para o que eu pretendia ser e fazer.
Acabo lembrando de tudo como um delírio, como um resquício de lembrança primaveril, como símbolo de um destino teimoso e ácido.
E agora sou o que sempre critiquei, sou frágil, fêmea, nula e neutra, sou só a rosa que teima abrir em noite de lua cheia. Além do meu limite, além do teu limite, além de nós dois, já fui e hoje não sou.

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".

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