8.2.10

E o que se faz de peito vazio?

E o que a gente faz com o peito vazio? Me conta o que move a gente quando o que se sente não passa de tédio e calafrio? Quem me dera voltar ao sofrer de um amor que matava aos poucos de forma lenta, de forma vil e tempestuosa, de forma quente, ardida, ardente.
O que a gente faz com uma noite fria quando o coração da gente não pula, não treme, não despedaça? O que se faz com uma pele que não arrepia, com pernas que não tremem, não faltam?
O que se escreve de peito vazio? O que se escreve?
Ensina-me a viver no sertão, sem água, sem sal da pele, sem sal da terra, sem um bem querer que a gente queira.
Finda então toda a minha vontade de paixão e nasce uma nova overdose de álcool e uma constante busca por uma nova inspiração urgente. Finda toda a minha vontade de queimar. Como se convive sem o sentimento de tristeza que atropela a gente que nem caminhão no meio do sertão da razão que agora sobra?
É fato que sei viver de peito cheio e colo vazio, é fato que sei amar por dois, é fato! É fácil!
Difícil é o oposto, é acordar de peito vazio, é beber pra celebrar, é se enfeitar só pra se vingar, é escrever só pra não lembrar.
O que me dói, me mata, o que me apaga aos poucos, de forma triste sem beleza, de forma circense e nada poética é encontrar-me de peito aberto.
Esses momentos de espera por um novo dono deixam meu coração bobo, pequeno e desassossegado.
A calmaria me incomoda.
Eu quero é medo, eu quero é frio na barriga, quero a fadiga embebida de suor e lágrimas. Eu quero bossa nova com jazz no meio da madrugada, quero vinho tinto e cerveja em plena quarta-feira, quero a loucura camuflada de depressão no meio da solidão paulistana.

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".

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