A boca quente, sente, brota
A terra espera a volta, a porta aberta
O rio desce até o frio do umbigo
Em busca do que anda quente e perdido
A flor da gente anda murcha, anda ardente
À flor da pele, como sempre, como ausente
No precipício das destemperadas partidas
Na boca seca, na pele quente, na ferida
No caos que me transborda e me fascina
Na lembrança esfumaçada, na neblina
Fica a saudade no fundo da taça
Fica a boca quente na borda, no gole
Fica o caco de vidro, a partida
A partilha do que não foi definido
A boca fria, a ausência e a ferida.
Querida amiga,
ResponderExcluirSe a amargura
tua arte inspira,
lança por terra
o teu desejo de ver concreto
o que teu beijo trouxe do esgoto.
Porque esse engano
é como o canto da sereia:
te leva ao fundo
mas te segura num outro mundo,
longe do céu,
feito de areia dentro da boca,
mel contaminado,
e gente que se equivoca.
Com alegria
faço o convite
para a poesia
que nos levite.
Como chegar?
Não sei ao certo,
mas sei que o mar
é o mar aberto.