E foi quando ele se afastou de mim que o céu se fez carbono.
Em branco estava a lua, vertendo o elixir que me faltava.
E tão longe estava!
Satélite que os sonhos traem, pura astrologia, carta de tarot!
Tão minha e sua, tão dentro de nosso céu. Hemisfério norte ou sul.
Entre a Paulista e Las Ramblas, entre minhas costas e tua barriga, tão minha e sua, tão nossa lua. Nossa lua, ausência de pressão no carbono, buraco em nosso desenho.
Nosso oco tão presente quanto os desenhos de seu contorno.
Nosso branco tão ausente quanto meu sono.
Tão presente quanto meu desejo, quanto nossos resquícios, nossa vontade, insanidade e culpa.
Tão lua, tão tua que deixa de ser minha. Tão dada, explícita, aguçada.
Presente como minha boca em fase crescente, como minha pele em posse de vênus, como minha guerra guiada por marte.
Minha lua, tão sem dono e tão tua.
Minha pele, tantos donos. Basta algum que me risque como um compasso, que me faça papel, que me faça uma página em branco. Basta algum que me tire os vestigíos animados de tua presença. Basta um que me faça poesia, que pare o relógio, que se faça borracha.
Minha lua guarda teus segredos, teus rabiscos, teus desenhos. Basta alguém que realce meu sol, que apague tua lua, teu riso, minha saudade.
Basta alguém que apague a rumba e sobreponha o chorinho.
Basta que esse alguém transforme Las ramblas em Lapa.
não existem palavras depois das tuas!
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