12.11.10

É

Nada me persegue tanto quanto o quase. E eu quase me liberto, mas é apenas um quase, um quando eu tento, um ‘eu tento’ apenas.
O quase sempre esteve aqui, ali, lá escondido. Sempre sorrindo ou ouvindo atrás da porta.
Meu quase tem vontade própria, me arrasta, me dá rasteira, sai do bolo. Às vezes ele quase some, eu quase vivo, eu quase me vingo.
O que me incomoda é o maldito quase. Tudo é quase, sempre um quase. Meu quase é atrevido, sarcástico, petulante.
Às vezes ele quase me engana. Quase. Parece que às vezes ele quase se esquece de entrar em cena, quase. Mas é fingimento dele, é maldade, é derrota minha.
Tudo planejado, mais doído é o quase do último momento, do último segundo, quando o voo é mais alto, quando o tombo pode ser maior.
Meu quase é minha sina, meu marido, meu filho. O quase já não sabe viver sem mim e eu só sei viver com ele. Cruz nossa. Apego sem amor.
O que me incomoda é o bendito quase. Tudo é quase, sempre um quase. Nunca ‘É’.

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".

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