3.3.10

Minha vida virou esperar.

Minha vida virou esperar,
E meu coração virou relógio.
Tempo, o tempo que faz tudo mudar,
Desbanca meus sonhos e planos astrológicos.
Minha vida é a espera que não cessa,
A semente que nunca brota,
A corda bamba fina e frágil.
Uma angustiante insônia permanente,
Uma aventura insossa interminável,
Uma farmácia antidepressiva.
Uma vida toda dedicada á palavras,
Palavras nunca lidas, nunca ousadas.
Minha vida virou a espera da saudade,
A eternidade embalada por uma lenta canção.
Uma espera de passos curtos, abandonados.
Uma vida á beira da insanidade,
Repleta de idéias que nunca vingam,
De sons que nunca tocam.
Minha vida virou esperar.
E essa espera de tantos anos é única
E a única companhia de noites aflitas,
A única verdade de dias longos e opacos.
Minha vida tem sabor de livros,
Tem sabor de músicas de outra geração.
Minha vida de espera é um ensaio
Que espera os três sinais para a atuação
Minha vida de manias e mistério,
Tantos dons gritantes sem visão,
Sem vazão, sem razão.
Tanto amor que brota e arde,
Como tanta água que sufoca a planta,
E o verde da esperança não me pertence,
Sendo negra a cor de uma espera,
A espera de quem nunca alcança.

Um comentário:

  1. Não pergunte como descobri teu blog, mas fico feliz de ter feito. Não sei se podia se quer ler seus poemas, mas assim fiz e gostei. Tuas palavras compreendem muito além do que imagina, vidas inteiras, ou pelo menos a minha. Nos outros poemas, o modo que escreve também me embala, isto, mesmo sem me conhecer soa a ti como um elogio, nunca fui de poemas. Devo estar mudando, ou pelo menos os seus poemas merecem.
    Parabéns e sucesso.

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".

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