15.9.08

Buraco

Um buraco imenso
Se abre, me chama, inflama
Uma saudade de encontrar-me
Uma vontade de deixar-me
Como se eu consumisse apenas medo
Como se eu fosse um relógio enfermo
Um apocalipse ambulante
Uma bula inconstante
Um buraco sem remédio
Uma dor sem analgésico
Sou um ser condenado
Ao fracasso e a ilusão
Sou um nada sem platéia
Um alucinógeno sem ingestão
Sinto que se não escrevo, vazo
Uma náufraga na imensidão do mar
Um buraco me inflama, me chama
Sou saudade sem reencontro
Ponto final em questão aberta
Sou a tristeza que perambula,
Nas noites de bossa nova
Sou a madrugada aberta ás overdoses
Transtornos obsessivos e neuroses
Sou a modernidade personificada
Sou o apego à poesia e ao nada
Sou a melancolia, um buraco, um caco
O ponto final de uma via crucis
Que consome o buraco, que consome a mim.

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".

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