28.1.08

Sabe?

Procurei respostas em todos os cantos. Desde os pequenos cantos empoeirados do corredor até os nítidos campos da inspiração.
Procurei e ainda procuro saber o que me move, o que me leva, o que me toca e cega.
Ando procurando já há alguns anos, ando buscando explicações, explanações.
Nada. Ainda nada. Como se nadasse em um rio escuro e amarelo; limpo, porém escuro.
Nadando sempre em uma corrente de fluxo e temperaturas contínuas, que ora fazem a curva em perfeita harmonia, ora descem rápido rasgando as pedras e formando cachoeiras, pequenas sim, pequenas cascatas.
Em momentos se vê que a luz se esconde na água formando pequenos círculos deformados e dançantes. Em outros o acúmulo de pedras é maior, mas não interfere no nadar nem no equilíbrio se a intenção é descansar.
Pode sim ás vezes entristecer, mas interferir? Interferir jamais.
Ando procurando mais intensamente nestes meses, ando buscando alguma coisa, algum cheiro ou música que faça sentido.
Ando pintando telas, procurando nas cores algum raio místico que desperte alguma sensação.
Ando questionando o amor. Ainda acredito em sua existência sublime apenas em forma de espírito. Apenas como um querubim mimado e nada prático, que zomba e desfaz de tudo o que se constrói com o coração. Sim, o amor terreno é calculista, mental, quase um projeto de engenharia. É fruto de nossa arrogância, da disputa pelo poder. É birra. Agora quero, agora não quero mais.
Ando procurando resposta por viver em um mundo onde os dons são inferiores aos aprendizados mercadológicos. Me pergunto se ainda vale escrever, se ainda existe troca considerando que ninguém deve ler.
Busco na lua crescente, cheia, minguante, nova. Busco nas ondas do mar e principalmente nos respingos de ondas quebradas, aqueles que batem em nossos pés e sobem por nossas pernas molhando a saia.
Busco nos olhos tristes e felizes da minha cachorra, busco nas fotos do meu anjinho que já se foi. Busco nela, ela sim me contaria.
Busco nos dedinhos de um bebê que consegue com toda a sua força segurar apenas um dedo adulto. O único gesto sincero que conheço.
Ando procurando nestes dias de sol, ando procurando muito no rosto daqueles que acordam as 6 da manhã e enfrentam uma maratona urbana.
Ando procurando respostas para entender o sentido de ser quem sou, ando procurando remédios, remédios para pensar menos, procurar menos e enlouquecer mais devagar.
Ando procurando um novo caminho, algo que me invada novamente, que me tome de susto, que não me deixe nem ao menos questionar. Ando buscando alguém que me cative, alguém que me ilumine, alguém que apareça de repente, bruscamente e assassine todo esse procurar.
Ando procurando e esperando. Esperando o dia em que ela venha correndo, latindo e morrendo de saudades. Ela vai me contar, vai me dizer o porque disso tudo...e aí saberei que não preciso mais procurar.

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema".

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